Os transplantes de Medula Óssea em foco

por cristinasilva Ter 23 Dez 2008 - 5:32

A medula óssea é um tecido esponjoso que preenche o interior dos ossos longos do corpo humano, como os ossos da bacia. É nesse tecido que existem células com capacidade para se diferenciarem e darem origem a qualquer célula do sangue periférico — são as chamadas células estaminais. Estas células renovam-se constantemente, mantendo um número permanente em qualquer momento.

O transplante de medula óssea é um procedimento médico da área da hematologia e oncologia que envolve o transplante destas células estaminais, provenientes da medula óssea de um dador. No transplante de medula óssea o receptor recebe por via endovenosa um aspirado de células de medula óssea do doador, que migram pelo sangue até se fixarem na sua medula óssea e voltarem a multiplicar-se e cumprir suas funções fisiológicas no hospedeiro.

Apesar de aparentemente simples, este ainda é um procedimento de risco e está indicado apenas em doenças graves. As sua principal complicação é a possibilidade de ocorrência de infecções, recidivas da doença anterior ou a rejeição por parte do hospedeiro, em que as células do seu sistema imunológico, ao não reconhecer as células do hospedeiro, as destroem como se se tratasse de agentes invasivos nocivos.

Actualmente, a transplantação de medula óssea tem vindo a transformar-se numa prática corrente, mas só cerca de 25 por cento dos doentes têm um dador familiar compatível. Os restantes 75 por cento que têm de recorrer a dadores não aparentados.

Doação de Medula Óssea

O processo de doação de medula óssea tem vindo a ser cada vez mais simplificado nos últimos anos, a fim de promover o conforto dos dadores e de aumentar a sobrevida dos doentes que necessitam deste tipo de transplante. Dele fazem parte quatro etapas bem definidas:

Etapa 1 – Verificação de requisitos:

* ter entre 18 e 45 anos;
* ter mais de 50Kg;
* não ter recebido sangue após 1980;
* não ter doenças congénitas, crónicas ou auto-imunes.

Etapa 2 – É feita uma recolha de cerca de 20ml de sangue com uma seringa, na veia do braço, para determinar o tipo de células do dador de forma a identificar a compatibilidade. Não existe qualquer problema em a doação de sangue para análise se fazer durante a digestão ou depois de comer ou beber algo. Os dados são inseridos no banco de dadores mundial.

Etapa 3 – Caso haja compatibilidade com algum doente a nível mundial, e o dador concorde, serão recolhidos mais 20 ml de sangue, para efectuar um conjunto de testes mais exaustivos. Segue-se-lhe um exame médico.

Etapa 4 – Caso todos os testes sejam positivos, faz-se a recolha de células através de um dos seguintes métodos:

* Citaférese (o mais utilizado):

O sangue é retirado da veia do braço do dador, passa por um aparelho que recolhe apenas as células necessárias para o transplante e volta a entrar no dador através do outro braço. Neste caso, para que as células da medula sejam mobilizadas para a periferia, é necessário que o dador faça um tratamento com factor de crescimento. Este factor de crescimento é uma substância fisiológica que todos nós produzimos diariamente, sobretudo quando é exigido ao nosso sistema imunitário que responda a uma infecção, por exemplo.

* Punção dos ossos da bacia:

Este procedimento exige um curto internamento, de 24 horas, em que lhe é administrada uma anestesia local, no bloco operatório, para se retirarem células dos ossos da bacia.

O dador pode escolher a forma de colheita que prefere, e em cada etapa deste processo ser-lhe-á dada informação sobre o que se vai passar. A qualquer momento, pode optar por desistir do processo.

Qualquer pessoa que reúna as condições supra-mencionadas pode inscrever-se num dos 3 Centros de Histocompatibilidade do país.