Bombas infusoras de insulina serão em breve prescritas com comparticipação total

Lisboa, 19 Jan (Lusa) - Dez hospitais vão prescrever "muito em breve" bombas infusoras de insulina e os seus consumíveis com uma comparticipação de 100 por cento a um número limitado de doentes, anunciou hoje o coordenador do programa de controlo da diabetes.

A compra de bombas estará limitada a 100 doentes por ano, mas cerca de 200 diabéticos, que já adquiriram esse aparelho, vão também receber gratuitamente os consumíveis, segundo o Coordenador do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes, José Manuel Boavida.

As bombas infusoras de insulina são pequenos dispositivos electrónicos, com um reservatório de insulina de acção rápida, ligado a um tubo muito fino que leva a medicação até um cateter colocado por debaixo da pele, diminuindo, assim, as injecções necessárias para manter os níveis adequados de glicose no sangue.
José Manuel Boavida explicou que, segundo "os números conservadores" 600 a 700 pessoas podem usar a bomba em Portugal. Mas as actuais recomendações, que indicam como "útil" o alargamento do aparelho a crianças e jovens, aumentam as estimativas para seis a sete mil doentes.

"Este é o início do processo, que requer avaliação e espera outros progressos tecnológicos", referiu à Lusa o médico, indicando estarem em cima da mesa projectos nesta área como o alargamento do uso a grávidas.
Segundo o Ministério da Saúde, falta agora a formalização do processo através de uma portaria, que será assinada "muito em breve", para o início da prescrição.

Em Novembro, no Dia Mundial da Diabetes, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Francisco Ramos, anunciava a comparticipação total da insulina de acção lenta e a terapêutica com bombas infusoras.
Ao jornal Público, o governante referia que, com as bombas infusoras, os gastos previstos no primeiro ano ascendem a 537 mil euros.

Actualmente, as bombas custam mais de três mil euros, enquanto os consumíveis têm uma factura mensal de 100 a 150 euros.

O Coordenador do Programa Nacional de Prevenção e Controlo da Diabetes esclareceu ainda que numa primeira fase apenas 10 hospitais poderão prescrever, por cumprirem os requisitos definidos pela Direcção-Geral da Saúde, mas posteriormente mais unidades poderão entrar na lista.

Na circular normativa de Novembro de 2007 referia-se que a disponibilização de bombas de perfusão subcutânea contínua de insulina para terapêutica intensiva nos diabéticos de tipo 1 "exige" que seja feita em centros com "efectiva experiência" e que tenham um mínimo de 10 doentes.

"De modo a manter uma adequada capacidade em recursos humanos habilitados e treinados e uma verificável relação custo-efectividade", acrescenta o documento.

À Lusa, José Manuel Boavida explicou ainda que estas "bombas não são inteligentes e não são aparelhos que dizem qual a dose que o organismo necessita".

O utilizador tem de calcular a dose, o que come, assim como continuar a "picar o dedo", o que "exige educação, perícia e persistência".

Um apoio de retaguarda - através de contacto telefónico com um dietista, enfermeiro ou médico, por exemplo - também é muito importante, uma vez que "há perigos" no uso destas bombas, alertou ainda.
Em caso de avaria do aparelho, o diabético deixa de receber insulina e pode entrar em "coma".

Este sistema alternativo também é indicado para pessoas que, "apesar de todos os esforços", não conseguem "estar bem controladas" com o esquema tradicional.

Também há doentes que não se adaptam à bomba, que passa por "ter uma espécie de telemóvel à cintura, com um tubinho preso a um cateter", explicou.

fonte: Lusa